Om A Boca e a Flor
Os romances de amor, esgotados pelos lugares comuns e pela desconstrução pós-moderna, caíram no ridículo e são um subgénero, ainda de grande procura, a que se dedicam alguns escritores de renome para equilibrar o seu parco orçamento. Tais romances têm por função entreter corações solitários nas horas que sobram do desfastio das conversas nas redes sociais com amantes virtuais. Vítor Pinheiro, escritor farto da concorrência desleal dos colegas de ofício lobificados pelos grande grupos editoriais e associações a que não pertence, decide desistir da escrita e, para compensar, passa a dedicar-se ao estudo de Homero, fonte das fontes da literatura ocidental. Sempre que a sorte o bafeja, qual Ulisses na ilha de Calipso, entrega-se aos prazeres da carne com amigas, conhecidas e até desconhecidas, num frenesim dionisíaco. Não sabe, a dada altura, se as mil mulheres com que se deita são fruto da sua imaginação delirante, se a experiência de uma realidade alternativa.
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